Verdades sobre a Chana

“Você quis dizer: Xota”
Google sobre Chana

“É NA BOQUINHA DA GARRAFA, VAI DESCENU NA BOQUINHA DA GARRAFA…”
Toca-fitas do É o Tchan na Chana

”A Chana é uma delícia… aaah… AAAAAAAH!”
[Insira o nome de uma gostosa] sobre sua Chana

“OXIL”
Gustavo from Mars sobre Chana

”Só de olhar fiquei de pinto duro”
Ítalo sobre Chana Pick-Up

"Essa vai ser a unica maneira do Tonim ver uma Chana na vida"
Marco Aurélio sobre Chana

”Troquei meu Picasso por uma Chana!”
Roberta Close sobre Chana

“Eu quero cachorro-quente!”
Criança ao ver qualquer pessoa dentro de uma Chana

“Chinese rubbish”
Richard Hammond sobre Chana

“Comento-me a tecer qualquer recusário sobre essa bomba”
Rafael sobre Chana

“Padrão comentário”
Renata Marca-Passos sobre comentário acima

“A Chana está estrategicamente posicionada ao lado do Picasso”
Presidente da Abeiva durante coletiva de imprensa do Salão de SP em 2006

“- Pode me informar onde fica o lixão?

- Logo ali, naquela loja cheia de Chanas”
Conversa na cidade de Brasólia

“Ainda bem que não venderam Chanas nos Estados Unidos, porque podiam bater num Ford Pinto…”
Tonin sobre Chana

“29K por uma Chana??? Só se forem estes aqui: 

K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K K” 

Porteiro Faire sobre Chana

O Picasso bateu na Chana…

Chana é uma marca chinesa que iniciou suas atividades via Tonin Corporation no Brasil logo após o Salão do Automóvel de São Paulo em 2006, sendo a pioneira montadora xing-ling a trazer “carros” para cá, mais especificamente uma linha de utilitários. Os carrinhos fizeram relativo sucesso e ganharam até jingle, embora a montadora esteja tentando se desvencilhar da atual imagem, alterando seu nome para Changan e apostando em carros de passeio.

A Chana Family não empolgava pelo visual de Towner (conhecida dos brasileiros desde meados dos anos 1990) e pelo fraco motor Jiangling de 970 cm³, que a fazia chorar nas rampas, precisando engatar a primeira marcha em locais onde até um Fiesta Sedan 1.0 carregado passaria em segunda. Apesar de levar sete pessoas, o painel era um retorno completo à década anterior: estilo pouco inspirado, colunas das janelas na lata, comandos de ar deslizantes, ausência de direção hidráulica, conta-giros. A explicação: a Chana nada mais era que a reedição (licenciada, diga-se) do Suzuki Carry, fabricado entre 1991 e 1999 (evidentemente com qualidade piorada).

Item trivial, o ar-condicionado era anunciado com destaque na lataria

Até equipamentos como rádio com toca-fitas (!) e calotas (!!!) eram opcionais. E os adereços para a Chana incluiam bizonhices como aerofólio duplo (precaução para não sair voando de jeito nenhum) e quebra-perna mato, que não adianta muito numa carroceria pau-a-pau com uma lata de sardinha no quesito deformação.

Aerofólios geralmente atuam a partir de 120 km/h, enquanto a Chana mal passa de 105

Oficialmente eram cinco versões: picape cabine simples, cabine estendida, cabine dupla, furgão Utility e a minivan Family. Havia também unidades montadas para vender cachorro-quente (a própria montadora se zoa…).

Na linha 2009 ocorreu a primeira modificação visual na linha, que abrangeu a frente, sendo que a Family ganhou frente exclusiva. Àquela altura outras bombas concorrentes estavam à venda: Effa Picape/Van (quanta criatividade…), Hafei Towner (nada a ver com a Asia Towner, fora a proposta e o direito de usar o nome) e mais recentemente a feiosa linha da Shineray (A20 pick-up cabine simples, A22 cabine dupla, A7 van [não deu treta com a Audi?], A9 van e variações) e a Rely (Pick-up e Van, do grupo Chery).

Bem que o vestido podia ser transparente para poder ver a dupla de Chanas…

Para 2010, a novidade foi a minivan Star (conhecida como Chana Alargada), com design exclusivo e dimensões maiores (4,39 m de comprimento contra 3,495 m da “Chaninha”),  podendo levar nove pessoas. Tempos depois, a Chana menor não aguentou a competição interna e saiu de linha.

A partir de novembro de 2011, durante o 18º Fenatran, acabou a brincadeira e os utilitários da Chana passaram a se chamar Changan, todos com visual refrescado. O principal motivo da mudança foi a perspectiva de atuar também no segmento de carros de passeio, uma vez que a Changan é proprietária da Chana e da Hafei Motors.

Dá uma angústia falar dos carros de passeio da Changan porque um não tem nada a ver com o outro, nem os nomes, sequer o logotipo da marca em comum: C201, Alsvin, CX20 e Mini Naldo Benni foram os modelos presentes no Salão de São Paulo no ano passado, de visual ou exagerado demais ou muito recatado. A menos que essas rubixas sejam vendidas por preços altamente competitivos, vai ser difícil ver algum deles nas ruas. E o pior: nem vai dar para fazer as piadas de chana…

Logotipo da Chana

Donos

Chana levando ferro no finado Orkut

A Chana deixa a grande maioria dos proprietários insatisfeitos: eles as acharam bonitinhas e baratinhas, mas depois renderam mais dor-de-cabeça do que satisfação (grande ironia, já que todo dia eles podem entrar em suas Chanas). 

O interior precário da Chana, com aspereza e trepidação à vontade

As Chanas são veículos para trabalho, seja transporte de objetos ou de passageiros, então o alto nível de ruído, a falta de equipamentos, a vibração (no mau sentido) e a (in)confiabilidade chinesa acabam sendo relevados.

O cachorro-quente chega a ser mais confiável do que a Chana

Comprar uma Chana é sinônimo de alta desvalorização, pois em sete anos de mercado, várias reestilizações externas foram feitas (mas nada de melhorarem mecânica e estruturalmente) e a concorrência diluiu a procura apenas por Chanas.

Originalmente iríamos deixar a Jenna sem os comerciais da Chana, mas preferimos deixar menos NSFW

• 467%, insatisfeitos com o consumo de 14 km/l na cidade, ainda colocaram GNV (isso é que é gostar de ser pobre)
• 371% colocaram bordados (ou bolinhas de madeira) por cima dos bancos
• 245% colocam deiz conto de gasolina (e precisa durar mais de um mês) e só enchem os pneus porque é de graça
• 237% FAIZ FRETE
• 156% tiveram ejaculação precoce
• 123% tiveram disfunção erétil
• 115% estão pagando as parcelas com os serviços que fazem com a Chana
• 107% se arrependeram, com o fechamento de concessionárias
• 99% andam com anúncios na lataria e caixas de som para propagandas
• 97% achavam que a Chana tinha tecnologia japonesa
• 91% desviam ao encontrar ladeiras
• 83% tomaram um susto ao saber que sentavam em cima do motor
• 78% perguntaram se tinha toca-fitas (desta vez, tinha mesmo)
• 72% colocaram outro plástico para cobrir o plástico dos bancos
• 65% removeram o logotipo “Chana” para (tentar) evitar zoeiras
• 53% são famílias que se apertam em Chanas Picape Cabine Dupla
• 2% possuem Chana Star
• 0,1% são utilizadas em funerárias (para enterro de anão)

Verdades

Em 2008, foi lançado este bizarro jingle exaltando a linha Chana com o refrão "Chana, Chana na na na na na, Chana (...)". Piada pronta.

A Chana de família era mais recatada, com o nome da marca na moldura acima da placa, enquanto a irmã picape fazia questão de ostentar um grande adesivo “CHANA” na tampa traseira.

O Suzuki Carry foi vendido também como Bedford Rascal, Holden Scurry, Maruti Omni, Maruti Versa, Mazda Scrum, Ford Pronto, Suzuki Bravo e Vauxhall Rascal (ou seja, chegou a ser vendido por marcas concorrentes, com poucas alterações). Em alguns mercados, a Chana se tornou um “carro descartável”: opção barata, mas com pouquíssima aceitação no mercado de usados.

Não existe milagre na Chana: para ter um capô tão curto, o motor foi parar debaixo dos bancos dianteiros: abaixo do capô estão apenas os reservatórios de água, fluido do freios, entre outros. Por sinal o barulho do propulsor incomodava, assim como os engates forçados e barulhentos do câmbio.

Os bancos da Chana são tão confortáveis que parecem pedras revestidas com tecido de pano de chão. Basta passar poucos minutos sentado numa Chana pra coluna começar a doer.

 
 
Única vantagem da cabine estendida: poder dormir dentro da Chana. Se bem que esse aí parece que foi baleado… China is dead

Dirigir uma Chana na estrada, só se for em caso de necessidade extrema. Além da velocidade máxima ser inferior à permitida nas estradas (120 km/h) – o que vai render muitas ultrapassagens e luz alta de todos os motoristas até na faixa da direita, exceto de Veloster – o deslocamento de ar dos caminhões grandes é suficiente para uma pequena mudança de trajetória.

Aliás, a Chana só não capota com (ainda mais) facilidade devido ao conjunto mecânico estar situado debaixo dos bancos, em posição baixa e central, resultando num efeito “joão-bobo”: balança mas não tomba.

Chana para tomar no caneco

Não é de se estranhar que a Districar, importadora da Chana, pertencesse ao grupo Tricos de Portugal, daí eles não entendiam que “chana” tinha esse duplo sentido. Para completar, só seis anos depois resolveram mudar de nome.

Como provou a Chana, quando se trata de veículos de trabalho o nome é o que menos conta. Assim como a Besta, da Kia, que teve sucesso apesar da referência ao demônio, ou a Renault Trafic (o nome lembrava “tráfico”, comércio ilegal).

Algumas sucatas de Chana chegam a custar quase tanto quanto uma inteira, pois é difícil encontrar peças e às vezes só resta “transplantá-las”.

A Districar era responsável também pela importação dos Ssangyong, o que explica algumas concessionárias oferecerem uma Chana junto de um Actyon, Rexton ou Kyron. O importador assumiu a chegada dos “carros” da Haima (sim, ela está no Brasil, mas você já viu algum por aí?) e dos Jiangling/JMC.

Aonde tem Chana, há pau para toda obra

O desgaste das Chanas é tão acentuado que unidades com quatro anos de uso possuem o mesmo (mau) estado de conservação de uma Pampa com vinte e cinco anos de servissu. Por ser tão descartável, é difícil encontrar Chanas usadas nas lojas.

Se você não aguenta esta enchente de carros chineses (JAC, Chery, Effa e Lifan, só para citar as mais conhecidas), não custa lembrar que o relativo sucesso da Chana abriu caminho para todos eles.

Passa mal ao ver uma Chana? Seus problemas terminaram!