Verdades sobre a Volkswagen Brasilia

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Brasilia serrada no capricho, com aerofólio pra não avoar!

“Meu pai já teve duas, e bateu as duas, uma por culpa do motorista do carro forte que bateu nele e em parte por falha do carro, e no caso da outra, por falha do carro...”
Tonin sobre suas Brasilias de Brasilia

“NÃO RECOMENDARIA PARA O MEU PIOR INIMIGO”
Ricardo sobre sua Brasólia LS 1981

“A Brasilia do meu pai foi roubada”
Ítalo Borges sobre ladrões da Bahia

“EÇI CAROR EH UMAM MREDAH”
Analfabeto sobre sua Brasilia

“É uma Brasa, mora?”
Jovem Guarda sobre VW Brasilia

“BANG BANG BANG BANG BANG”
Seguranças da Volkswagen para fotógrafos da Quatro Rodas

“Ei loira, tua Brasília tá vazando água do radiador!”
Transeunte troll sobre VW Brasilia

“E agora cantemos de pé: Brasilia, ligai vosso motor!”
Edir Macedo sobre VW Brasilia 

“As mina pira na Brasilia!”
Felipe Dylon, depois de ter fumado, sobre sua nova casa de mendigo

"Na verdade a brasilia foi tipo uma linha top dos aircooled tinha o fuka popular a combosa de trabaio e a brasolia tipo luxinho"
Wellington Paixão sobre VW Brasilia

“Eu queria montar uma Brasilia 4 portas com ar-condicionado”
Kamikaze sobre VW Brasilia

“AS IDEIA”
Rafael Susae sobre frase acima

“O painel que parece um computador, cinematográfico”
Volkswagen em anúncio da Brasilia, de 1980

“AS IDEIA”
Rafael Susae sobre frase acima, novamente

“Esse carro é meu, como você acha que eu cheguei na vila?”
Seu Barriga sobre sua Brasilia

“Rolando!”
Quico sobre frase acima

“NO CALDEIRÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!!!” 
Tucano Huck sobre mais uma Brasilia vitimada pelo Lata Velha

“Numa Brasilia, a vantagem é que com ela você não arruma amante, só que se depender dela você morre virgem. O defeito dela é que eu fiquei surdo. Pior do que isso é só merda.”
Kukimata sobre Brasilia LS 1978

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Enfim, o primeiro Verdades de 2013! A primeira vítima deste ano é a VW Brasilia, lançada para tentar ganhar mercado do Fusca (ainda bastante popular no início dos anos 1970), que tornou-se um sucesso, mas não chegou a matar o velho besouro. Virou sinônimo de carro brega após seu fim de linha, com unidades cada vez mais maltratadas, mas atualmente é reconhecido seu valor na história da indústria automotiva braçileira.

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Antes mesmo de ser lançada foi cercada de histórias. Projeto idealizado então pelo presidente da VW Brasil, Rudolph Leiding, que foi promovido a presidente mundial pouco antes dela ser lançada, diz-se que a Brasilia terminou influenciando na construção do Golf, lançado um ano depois. Próximo ao lançamento, seguranças da VW dispararam tiros em direção a Nehemias Vassão e Cláudio Laranjeira, que saíram ilesos, e publicaram as imagens na revista Quatro Rodas (tanto Vassão quanto Laranjeira foram os Chuck Norris do mundo automotivo. Para ficar num exemplo, em 1992 um caminhão tombou no Suzuki Swift onde Laranjeira estava, e ele saiu sem ferimentos graves e ainda bateu foto).

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Evento de lançamento na piscina da Brasilia

Lançada quase junto com o Chevette (e sob desgosto da VW alemã, que àquela altura já queria abandonar os carros com motores a ar), a Brasilia tinha aproveitamento de espaço muito melhor que no besouro (carroceria mais quadrada e entre-eixos igual, mas com 17 centímetros a menos no comprimento), visual mais atual (na época, obviamente) e motor 1600 do Zé do Caixão, também refrigerado a ar (por isso a Brasilia tem aquelas 19 aberturas abaixo da janela lateral traseira). Apesar de ser mais forte que o Fusca, levava eternos 23 segundos para ir de 0 a 100 km/h. O volante, grande, remetia aos anos 1960, assim como o painel, que basicamente era o do DKW Fissore.

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Já em 1974 começava a ser produzida no Brasil a versão quatro-portas, mas apenas para exportação. Seu lançamento na República das Bananas ocorreu apenas em 1979, e ainda assim numa versão capada de equipamentos. Ainda no ano de 1974 ganhou nova opção de volante e o segundo carburador de corpo simples, que era opcional. Assim, ficava barulhenta que só ela. E mesmo assim, até ágio era cobrado para pronta entrega. De certa forma, seu sucesso fez o TL amargar perda de mercado e o fim de linha em 1975.

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Em meados dos anos 70 cogitou-se equipar a Brasilia com o motor 1.5 refrigerado a água do Passat, montado na frente. A nova versão teria uma frente mais parecida com o Golf europeu. O projeto foi abandonado com a gestação do Gol, mas dizia-se que a “Brasilia II” era até melhor, por ser mais larga e ter tração traseira, ideal para subir morros.

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A primeira modificação significativa ocorreu em 1978. Identificar as mudanças até que não era difícil – os para-choques receberam plástico, o friso na frente se foi e as lanternas ganharam os filetes que lembravam alguns modelos da (tão desejada na época) Mercedes-Benz, que contrastava com a grade de galinheiro traseira. Por uma certa incoerência de mercado na época, de promover novidades a conta-gotas por conta da igual morosidade de concorrência, só em 1980 foi apresentado o novo painel, reaproveitado do Passat. Também ganhou opção de motor a álcool, um fraquíssimo 1300 de 49 pôneis mancos, que andava pouco, bebia demais e a dirigibilidade era horrível (se movia aos trancos e o motor quase morria em mudanças de marcha), resultando em péssimas vendas.

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A princípio a Brasilia não morreu com o lançamento do Gol (1980), que começou vendendo mal, mas que com o motor 1600 reagiu, o que gerava o temor de que a Brasilia – àquela altura um produto perto de completar uma década de mercado – roubasse vendas do novo hatch da VW, o que culminou no seu fim de linha em março de 1982 (naquele ano, apenas 2400 unidades foram fabricadas).

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Na época um engenheiro teria dito “Mataram o carro errado” (nas entrelinhas ficava claro que o modelo a ser retirado da linha VW seria o Fusca). Fato é que ela precisaria de uma remodelação profunda (como a do Chevette) para se manter num mercado que ganhava novidades mais expressivas, como Uno e Escort. Diz-se que outro motivo para encerrar a produção era o de ser necessário uma gama de derivados, que o Gol gerou nos anos seguintes com Voyage, Parati e Saveiro.

Lata Velha

fs82vESTA_-_Lata_Velha_-_Foto_Lairto_Martins_8 “LOUCURA, LOUCURA, LOUCURA!”

A Brasilia foi um dos carros mais castigados sucessivamente pelo programa Tô na Merda Lata Velha, da rede Bobo. Até por ser um carro fadado a cair na mão da peãozada que não tem dó de ferro, muitos tinham a esperança de receber sua Brasa “reformada”, só que de brinde ganham também modificações de extremo mau-gosto.

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Dona Lucia, vendedora de frangos, tinha uma rara Brasilia 1980 quatro portas. Depois de soltar a franga no Caldeirão, recebeu na verdade outra Brasólia com apenas duas-portas, além do xuning de costume: pintura em dois tons (amarelo gema e cinza), para-choque da frente de Gol quadrado, DVD na frente, rodinhas manjadas… A Brasa quatro-portas virou churrasqueira, com customização similar. Depois a Brasa tunada “sumiu”, dando lugar à uma Parati velha.

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A maior cagada foi no Natal de 2011, quando “capturaram” uma Brasa do seu Dismar, que acabou recebendo de presente de grego o carro de volta, só que com teto serrado, para-choque enfiado na marra (e nem se deram ao trabalho de pintar na cor da carroceria), lanternas de Kia Bongo, rodas escrotassas, aerobebum, enfim, uma verdadeira árvore de natal móvel.

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“Já posso me mexer???”

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Aoooo dê cingou lêides!!! Puti yóur rendes upê!”

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Tem um painel nesse sistema de som

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Acredite, a jabiraca é flex-fuel

Diversas outras Brasólias receberam os mais nojentos estupros visuais. Deviam pegar o Tucano Huck e o Mohamed Kahlil e fazer uma cirurgia de mudança de sexo para saber se eles curtem “modificações” na pele.

Versões

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LS: Nada a ver com a designação que a Chevrolet dá atualmente a seus modelos mais básicos. A Brasilia LS, do contrário, era a versão mais luxuosa, com apoios de cabeça integrados ao banco como no Porsche 911, console no assoalho e acabamento melhorado. Tinha opção de econômetro e toca-fitas da Blaupunkt. Mas ficou devendo o vidro lateral basculante, item que nunca equipou a Brasilia.

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Quatro-portas: Com para-choques no prásticu e acabamento de dar pena, foi a opção para alguns taxistas e frotistas (sim, porque nem todos queriam uma jabiraca dessas com o péssimo 1300 a álcool), já que na época os carros de 4 portas tinham pouca aceitação (situação que só começou a mudar nos anos 1990). Não raro, alguns donos soldavam essas portas traseiras, pois achavam que podiam representar maior perigo aos pestinhas do banco de trás.

Duas-portas: Geralmente é a que você vê por aí, velha, podre e que só atrapalha o trânsito.

Donos

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Na época do lançamento, a Brasilia conseguiu boa aceitação dos consumidores, embora muitos reclamassem da péssima vedação da carroceria (numa chuva, começava a pingar água nos pés dos passageiros), do porta-luvas (sem tampa, ideia reaproveitada no Fox entre 2003 e 2009, e que praticamente só levava luvas), da estabilidade precária, do carburador que falhava, do barulhão, do porta-malas que não levava nada, dos freios  fracos e dos vidros, que desciam e subiam na marra. Ainda assim, é defendida fervorosamente por quem teve uma na década de 1970.

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E assim caminha a humanidade… só que não

Em algumas regiões, não tem quem troque uma Brasilia por “um carro novo de plástico”, especialmente pela manutenção tão fácil que até um macaco poderia resolver, pelas peças que se encontram nas padarias e pela tração traseira, que dá uma boa ajuda em situações de lama e subidas, onde certamente um Gol passaria vexame. Outro fator a seu favor é o de dar pouca manutenção, uma característica muito apreciada por seus donos relaxados e/ou que mal tem dinheiro para se alimentar.



Não é raro os donos colocarem peças de outros carros na Brasilia, seja para economizar, seja para dar um conforto a mais. As principais “vítimas” são os bancos, geralmente trocados pelos do… Corolla. Volante e instrumentos (e até o painel inteiro) muitas vezes são substituídos pelos do Gol. E tudo funcional! O motor também pode ser retrabalhado até virar 1.9, ou algumas peças são adaptadas da Kombi, especialmente silenciador.

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Brasilia hipster: adepta do downsizing e com rodas BBS

No caminho inverso, diversas componentes da Brasilia eram adotados em outros carros, como o chassi nos buggies (segundo Wellington Paixão, fica bem melhor sobre a base dela, mais larga que a do Fusca), faróis, motor 1600… até algumas fábricas realizavam a prática, como o Gurgel Xef, que utiliza as lanternas da Brasa posterior a 1978.

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Brasilia conservada

A partir dos anos 1980, a extrema maioria de donos de Brasilia passaram a utilizá-la sem o menor apreço pelo carro, o que explica tantas unidades detonadas andando por aí. É muita sorte ver uma Brasa sem podres pela carroceria e sem as gambiarras tão criativas quanto perigosas, como plástico tapando o buraco sem vidro, garrafa PET como tanque de combustível, lâmpada incandescente como iluminação interna, cabo de vassoura pra segurar o capô, tijolo para prender o pneu na falta do freio de mão... Não é à toa que 375% dos casos de carro quebrado no meio da rua são de Brasólias em péssimo estado…
  • 324% reclamam do barulho de motosserra turbinada com amplificador
  • 305% escreveram cartas para o Lata Velha
  • 287% não pagaram o aluguel
  • 264% ganham um salário mínimo por mês ou menos
  • 258% não fazem qualquer manutenção, só abastecem, geralmente completando os 2 litros que cabem na garrafa de Dolly utilizada como tanque de combustível
  • 240% são mendigos
  • 231% não notaram que “Brasilia” não tinha acento
  • 219% rodam no gás para ficar mais cunômicu
  • 207% escutam músicas de 1900 e grupo Abba era jovem
  • 185% deram de entrada num Gou usado
  • 151% venderam sua Brasilia por menos de 500 reais ou trocaram por algum animal
  • 135% são catadores de lixo
  • 117% moram na roça e adoram a Brasilia por conta da tração traseira, que a faz ser melhor pra andar no barro que os "carros novos de plástico"
  • 104% jogaram no mato (e ainda pintaram de verde)
  • 97% jogaram no rio Tietê
  • 91% são pedreiros
  • 87% colocaram placa “FAIS FRETE”
  • 84% já levaram porcos no banco de trás
  • 78% bateram (e não estão mais entre nós)
  • 76% tentaram transformar a Brasilia num carro, colocando rodas aro 18", fileiras de LEDs e neóns, painel de Fox, volante de Passat CC, quatro escapamentos e porta-malas entupido de som
  • 62% aproveitaram a carroceria e fizeram uma carroça movida a burro
  • 45% tentaram subir um barranco e capotaram
  • 38% colocaram rodas do Dodge 1800/Polara
  • 34% já ultrapassaram com estilo algum carro mais recente dirigido por um idoso, motivo de comemoração eterna
  • 29% colocaram motor 1.0 de Gol geração 4 no lugar do 1300 a álcool
  • 26% são ciganos
  • 21% são vendedoras de panelas
  • 1% se chama Zenon Barriga e Pesado
Verdades

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A Brasilia foi o único carro a participar do seriado “Chaves”. Seu Barriga teve uma verde e outra branca (compradas com Barras de ouro que valem mais que dinheiro), em episódios diferentes: em um deles, Chaves tenta lavar o carro e recebe ajuda de Quico e Seu Madruga. Quando se fechava uma porta, a do lado oposto se abria! Em outro episódio, Chiquinha esconde um dos carros do brinquedo de Quico na traseira da “camionete” (como diziam os personagens), razão pela qual não ligava o motor. Lá no México foram produzidas cerca de 80 mil unidades entre 1974 e 1981.

Vale lembrar da Variant II, muito parecida com a Brasilia em diversos aspectos, especialmente no visual e na mecânica. Lançada (a contragosto dos próprios concessionários) nos idos de 1977, era 32 cm mais longa, aproveitou o 1600 da Brasilia, mas tinha direção imprecisa e fez pouco sucesso, saindo de linha em 1980, dois anos antes de chegar a sucessora Parati.

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A Volkswagen tratava Brasilia no masculino (“o” Brasilia), embora classificasse o modelo como perua para ter menos impostos recolhidos, o que fez com que praticamente todos (até mesmo a imprensa especializada) a chamasse pelo gênero feminino. Outro fator que a “classificava” como perua seria a ampla tampa do porta-malas.

Na Nigéria, a Brasilia quatro-portas fez muito sucesso. Lá era conhecida como Volkswagen Igala e montada (literalmente) em regime CKD.

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Podem ter o respeito que tiverem, mas os Mamonas Assassinas xunaram a Brasilia amarela (seis anos antes daquilo virar modinha), enjambrando para-choque de Mille, decoração de cigano e a roda gaúcha, tão famosa quanto tosca. E olha que alguns integrantes da banda eram apaixonados por carros.

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Colisão frontal a 20 km/h com um ovo de codorna. O motorista voou para fora do carro

Quando surge um barulhão… seria um helicóptero? Dodge Charger 1971? Serra elétrica? Não, é só o ronco de uma Brasilia com dois carburadores desregulados, seguido de um fumacê digno de festa da legalização da maconha.

A Brasilia é campeã de releituras projetadas por computador (que são altamente difundidas por e-mails que trazem data de lançamento e preços inventados, fazendo diversos desinformados acreditarem na estória), mas a VW nunca considerou seu relançamento. Um bom slogan seria: “Nova Brasilia. Agora na faixa da esquerda.”

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A Dacon (diferentemente de hoje, algumas concessionárias VW ofereciam personalizações exclusivas) podia equipar a Brasilia com o motor do Porsche 912 (mais uma provando que todo Porsche tem um pouco de Fusca). Essa unidade das fotos, por sinal do Reginaldo de Campinas, não está à venda.

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Outra curiosidade é que, utilizando uma Brasilia na construção do Baja Buggy da Matis, podia-se “atualizar” o ano do carro no documento, representando uma grana extra na venda.

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Nos anos 1970, rebaixar uma Brasilia ao máximo não permitia que o vão entre o chassi e o chão acomodasse uma lata de cerveja. Hoje nem formiga passa.

Mesmo com motor traseiro, tinha gente que se deitava sobre o bagagito do porta-malas. As bagagens só podiam ir no pequeno porta-malas dianteiro – colocar alguma coisa sobre a tampa do motor era pedir para ser acertado em frenagens bruscas ou batidas.

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A partir de 2012, todas as Brasilia podem ser emplacadas com a cobiçada placa preta de colecionador por ultrapassarem 30 anos de produção. “Todas” é forma de expressão, pois os carros precisam estar ao menos 80% originais, com seguro obrigatório pago (aí já eliminou 8 em cada 10 interessados), Certificado de Originalidade e também arcar com o emplacamento, que só tem validade de cinco anos.

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Acredite: essas coisas aí de cima já foram Brasilia um dia…

Sendo constantemente descuidado, o ronco do atual motor 1.0 VHT de Gol, Voyage e Fox pode ficar igual ao do 1600 a ar da Brasólia.

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A Brasilia tinha duas alças de cada lado para os passageiros, igual à PutaQuePariu do Fusca.

A cantora Maysa (1936-1977), que mereceu uma minissérie na rede Globosta em 2009, morreu numa destas aí. Ela tava fumânu na Brasa azul, num cenário que de longe dava para ver que era virtual, mas a batida ocorreu de verdade, com um dublê sentado praticamente no banco de trás, além de um sistema de amortecimento.

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De certa forma a Brasilia lembra o filme A Lagoa Azul: velho e que passa por aí infinitas vezes, mas quando se procura para ver, não se acha mais…

Existia uma comunidade no finado orkut chamada “eu odeio qm odeia vw brasilia”, que pelo título mal-escrivinhado já desincentivava a visualização. Na descrição, a frase: “pessoas que põe defeito onde nao tem!” (como se alguém tivesse inveja de uma Brasilia).

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Em meados dos anos 1970 havia distorções de mercado que levavam pessoas a quererem comprar uma Brasa velha pagando mais do que a tabela de preços indicava, chegando a pagar mais do que por uma zero-quilômetro. A explicação era que as concessionárias raramente vendiam carros pelo preço de tabela, adicionando acessórios para aumentar o valor final, e não raro usados com alguns anos de uso  podiam estar mais caros que o zero-quilômetro menos equipado. A título de curiosidade, a lista inteira de carros novos e usados de 1966 a 1973 cabia em apenas uma página da Quatro Rodas. Hoje a tabela equivalente da Motor Show possui 24 páginas.

Também no fim de linha, em 1982, ocorreu uma valorização de Brasilias usadas. Hoje, uma perua em fim de linha (Renault Grand Tour) é vendida R$ 10 mil abaixo da tabela e ainda sofre desvalorização de mais de 20% só no primeiro ano de uso.

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Desde seu lançamento, nenhum presidente conseguiu conduzir Brasília. (ba dum tssss)

Até um dos projetistas da Brasilia, Oscar Niemeyer Marcio Lima Piancastelli, queria que o motor ficasse na frente. A propósito, seu chefe Paulo Ivani queria que os desenhos fossem puramente técnicos e proibia colorir, sob pena de levar um pé na bunda.

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Vale lembrar que pelo preço de uma Brasilia de Hot Wheels (seis conto) dá para levar uma de verdade. Toda fodida, sem motor nem roda, mas dá.

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A propósito, a Brasilia Hot Wheels encarna um lado esportivo que nunca teve: gaiola de proteção, rodas de design moderno e cinco raios (algo como um aro 20 se fosse de verdade), duas saídas de escape, para-choques mais agressivos e banco do motorista do tipo concha. Por ter o friso na frente e ausência do “VW” no logotipo traseiro, conclui-se que é uma Brasilia 1975 a 1977.

Saíram quatro fornadas. A primeira veio com pintura azul-calcinha-brilhante e interior claro, seguida da verde com interior escuro, ambas de 2011. Ano passado chegou a vez das Brasilias do Lata Velha, uma vermelha-carmim e outra verde-claro, ambas com chamas, rodas coloridas…

Pela internet também é possível encontrar customizações dos carrinhos, pintados de outras cores ou transformados em cabriolet, carro de polícia, rat rod ou quatro-portas. Mas por menos de 50 pila você não leva. A gringaiada deve estar se perguntando que porra de carro é aquele…

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Brasilia do Piancastelli

Existem também outras miniaturas de Brasilia maiores e mais detalhadas, só que custam uma facada. A coleção “História dos Carros Brasileiros” integrou uma Brasa 1/43 que pode ser achada tanto por R$ 45 quanto por R$ 115, dependendo da ganância do vendedor.

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Uma das unidades da Brasilia mais belas – e polêmicas – existentes em solo nacional foi preparada pela Batistinha Garage. Seu motor era praticamente zero-quilômetro (uma verdadeira raridade em se tratando de Brasilia), mas o dono tacou mecânica, rodas, volante e instrumentos de Porsche.

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O prefeito da cidade de Pederneiras chegou à capital sem avisar e pediu audiência com o governador. Após 10 minutos de espera, o chefe de gabinete disse que ele não poderia ser atendido naquele momento, pois o governador estava com gente que veio de Brasília. Ele respondeu:
- Grande coisa, eu vim de Audi A4!

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18 comentários:

  1. a variant 2 tinha suspensões mais modernas, mcpherson do passat na frente (que liberava mais espaço no bagageiro) e braço semi-arrastado da kombi atrás, mas era meio xarope regular a suspensão dianteira e a caixa de direção...

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  2. eu teria uma dessas pretas das fotos sem problemas! uma quase original, com o motor boxer preparado, rebaixada e umas rodonas BBS ou Fuchs tbm iria bem...

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  3. Respostas
    1. Com certeza e hoje em dia a Brasilia está muuuuuito longe de ser carro de peão, hoje uma Brasa em excelente estado vale uns 10 mil reais, peão não pode pagar 10 mil.

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  4. uma Brasilia com painel do Porsche 914/4 e rodas do 911(964),nada mal.
    será que o motor é do 911 Carrera RS ou 914/6???

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  5. DJunior, a brasília que você viu com as rodas de porsche é umabrasa com um kit que se vendia na época, chamado "kit Dacon", mas não incluía, é claro as rodas(nem o volante), que sempre foram utilizadas tanto em quatro como 5 furos por terem a mesma dimensão.

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  6. é melhor q muito carro atual, sem dúvida.

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  7. a brasa da tirinha foi criada no crieseucarro.net

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  8. Tchê, sou muito mais uma brasa do que muito carro a venda no mercado.

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  9. ela é o SEGUNDO carro mais classico que eu aço

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  10. Muito informativo, porém vc ataca as brasilias, e eu sou novo tenho uma e sou loco com ela, e como disseram la em cima sou muito mais ela que muito carro novo por ai, e olha que tenho 19 anos!

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  11. galera uma correção: a Brasa HW verde tinha interior na cor creme e vidros pretos; e era bizonha e queriam trocar na minha Brasa Azul

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  12. tenho 29 . tenho duas brasa 79 e 81 . tudo que eu sou hoje devo as duas , construi grande parte da minha vida em cima das duas brasa e hoje ainda tiro todo o sustento da minha familia com uma das duas e valha dizer vivo melhor hoje do que quando nao tinha elas .1!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  13. ja vi muito filhinho de papai com carrinho do ano por ai ficando na estrada e atrapalhando muito o transito , e pelo q eu tenho visto ultimamente tem carro zero por ai fundindo o motor enquanto q a minha brasa ta andando !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  14. Já tive 3 brasilias e nenhuma me deixou na mão, e de tanto que gosto delas restaurei uma 76 coisa linda e tem gente perdendo tempo para falar mal da brasa, vai ver que não tem dinheiro para comprar uma e fica ai falando bobagem valeu galera esse é meu desabafo.

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  15. Tenho uma 78 que herdei, carro muito bem cuidado e que tenho muito carinho. Já me levou para 2 países da América do Sul e em várias cidades a passeio, sem nunca ter me deixado na mão. Guardadas as proporções, ela fez muito sucesso em sua época e segundo as revistas antigas, foi por 8 anos consecutivos o carro mais roubado do Brasil. Abs

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  16. Alguém sabe me dizer quais foram as cores originais de Brasilia 4 portas?

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  17. a brasília que eu tenho , tenho orgulho de dizer que era do meu avo ,do meu pai e depois de 50 ano ainda esta boa e tenho certeza q chegara nos meus filhos melhor q muito carro novo por ai . em tao pega essa merda de sai ti e vai para a puta q ti pariu e aprende a dirigir direito

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