Verdades sobre o VW Voyage

G

É um Fox? Não, parece um Polo Sedan… Ah bom, é um Voyage.
Qualquer um vendo um Voyage pelo retrovisor

#Voiagi #Xis #Gerente #Inflow
Victor de Facci sobre VW Voyage

Voyage, voyage… plus loin que la nuit et le jour…
Desireless sobre Voyage (por sinal, essa música é do tempo da primeira geração)

Ménage?
Ítalo Borges, já com o tal na mão, sobre VW Voyage

LixOh wait……….
Gustavo de Engeção sobre VW Voyage

Pruuuuuuu!
Pombo sobre Voyage velho

Achei liiindo! Carro de primeira linha, muito chique, um arraso!
Félix sobre Voyage Evidence

Silvas
José Silvério sobre frase acima (#SilvasQuestion)

Rapaiz, 99 cv de antigamente são mais que 140 cv de hoje em dia!
Retardado sobre VW Voyage AP

AQUI  É  B R A S I L  PORRA!
Dono de Voyage Seleção gritando para a rua inteira

What does the Fox says? Rrrrrrr…. cleckcleckcleckcleck
Jay Leno sobre VW Fox, o Voyage rebadgado para os States

Não gosto do novo Logan porque ele é romeno, prefiro um Voyage 1.0 sem ar
Lonerado Coliseu sobre Voyage pelado e efeito de drogas

I asked for a Jetta, they sent me a Voyage!
Jeremy Clarkson sobre Voyage

Mamãe, no céu tem túnel? E trincou.
Renato Aragão sobre Voyage quadrado

Voyas

Para o primeiro Verdades do ano elegemos (aliás, os leitores sugeriram) o Voyage, outro dos atuais carros da Volkswagen que reutiliza um nome de um crássico da antiguidade. E taí um carro que causa certa confusão mental ao se falar nele. Afinal, seu nome pode representar tanto um Voyage 81 fodido do velho da pamonha quanto um Voyage Seleção 2014 com todos os itens (saindo por um preço que só um brasileiro aceita pagar).

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O Voyage chegou ao mercado em 1981, quase ao mesmo tempo que o carro oficial dos alimentadores de pombo, o Ford Del Rey. Num mercado onde mudanças nos faróis e nas calotas eram reverenciados como grandes novidades, o Gol três volumes teve seu destaque, especialmente por ter visual diferenciado também na dianteira e o motor 1500 a água do Passat, embora menos potente, enquanto o painel era derivado da antiquada Variant II. O principal rival era o Chevette, àquela altura um campeão de vendas (pudera, tinha sido reestilizado num mercado quase estagnado de novidades). O Voyage quatro portas chegou em 1983 – naquela época, até taxistas as rejeitavam.

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Na falta de versões esportivas, a série especial mais mítica do Voyage foi a Los Angeles, de 1984, homenageando a cidade dos Jogos Olímpicos daquele ano. Vinha numa cor azul metálica que lhe rendeu o apelido de tampa de panela de pressão (essas invencionices brasileiras…).

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Com a fusão de Ford e VW em 1986, formando a Autolatrina, o Voyage evoluiu pouco. No ano seguinte à criação desta joint-venture, ocorreu uma reestilização que lhe tirou os resquícios dos anos 1970, como os parachoques de metal. Só depois que a música “Voyage, voyage” fez sucesso é que o VW ganhou câmbio de cinco marchas de série. A Ford forneceu os motores 1.6 CHT a gasolina ou álcool, rebatizados com o tosco nome AE ("Alta Economia"), que tinham desempenho raquítico, digno de Fusca 1200 com gás natural (isso seria mais lento que um Veloster).

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Em comparação com o Fox norte-americano, o Voyage ficava atrás em vários aspectos: o gringo tinha mais porta-malas (graças ao estepe fino), injeção eletrônica (barrada aqui pela Secretaria Especial de Informática, numa época em que computador era coisa rara até no mercado de trabalho), brake-light, alerta sonoro de portas abertas e cinto de segurança desafivelado, para-choques resistentes a pequenas colisões e painel até então inédito. Em compensação, 15 pangarés do motor do Fox morreram, com a adoção do catalisador e visando evitar competição com o Golf. O câmbio 3+E era alongadíssimo, para poupar os americanos de trocar marchas (e também porque a VW nem fez questão de projetar um câmbio automático).

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Lá, seus concorrentes eram verdadeiros lixos sobre rodas, como o Yugo GV (versão iugoslava piorada do Fiat 147), Hyundai Excel (confiável como um Lada), Ford Festiva (o Ka dos anos 1980) e Chevrolet Sprint (antecessor do Suzuki Swift). Aqui, o Voyage vendia 30.300 unidades em 1989, menos da metade de sete anos atrás.

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A opção das quatro portas retornou no ano de 1990, só que sem trava nem vidros elétricos (mas ao menos sem os quebra-ventos da versão 2 portas). Quem comprou ficou com um mico, pois em novembro daquele ano foi promovida outra modificação (Voyage chinesinho), e finalmente chegou uma versão maaaais ou meeeenos esportiva, a Sport. Na verdade, tinha mais equipamentos do que a esportividade das versões GTS e GTi do Gou. No ano seguinte, a VW equipou toda a linha Voyage com catalisador (por força de lei, óbvio; não fosse por isso, ainda fariam Voyage 2014 com carburador).

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Dois emurox (gíria interna - chorume com "x" ao contrário, para quem não entendeu) fracassados… Foto de Guilherme dos Reis

O fracasso do Voyage nos anos 1990 se explica pela falta de atualizações, diante da competitividade dos importados, que agregavam mais statis (tirando os Lada, lógico) e dos próprios Volkswagen fordizados, como o Logus, que obteve relativo sucesso em seus primeiros anos de fabricação (antes de se tornar a bomba que é hoje). No ano de 1992, a principal novidade foi a mera incorporação do conta-giros.

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Em 1995 era dado como certo o lançamento do Voyage II, com base no Gol AB9, porém o sedan foi justamente o único cuja produção não seguiu adiante. As últimas unidades, argentinas, saíam na carroceria quatro portas (foi o único membro da linha Gol quadrada a oferecer o item, que ainda enfrentava preconceito dos consumidores na década anterior) e o Voyage entrou na cova sem maiores honras. A VW deu tiros no próprio pé ao apostar todas os seus esforços no megamico Polo Classic (que, aliás, receberia o nome Voyage, o que foi descartado na última hora).

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A reencarnação do Voyage ocorreu às vésperas do Salão do Automóvel de 2008, meses após o impactante lançamento do Gol "G5". Diz-se que a VW lançaria o sedan antes do hatch, tanto pelo seu desenvolvimento estar adiantado quanto para conter o avanço da Fiat em vendas. O próprio nome era incerteza até a divulgação oficial da VW (tanto que a Autoesporte publicou a primeira foto de divulgação na capa como “Gol Sedan”…). Uma coisa é certa: o porta-malas tem o mesmo fundo do Gol, emendado com chapas e longarinas, o que explica o estepe estar dois metros longe da tampa do compartimento. O visual era moderno na época (embora livre da babação de ovo feita ao Gol), mas não disfarçava o acabamento simplório, quase tão franciscano quanto o Fox antes da reestilização.

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Lanterna escurecida? Não, infiltrou água mesmo

Nada tão ruim quanto o para-choque dianteiro vagabundo, fixado à lataria com pasta de dente. É até mais raro ver um Voyage com para-choque alinhado do que solto. Além disso, entrava água nas lanternas, aspecto que remete aos piores projetos dos anos 1980.

Em 2009 chegou o câmbio Ic-Motion, com nítidos soluços a cada marcha. Na mesma época, tornaram-se púbicos os defeitos do motor 1.nada VHT (Vai Haver Trincas). Chegaram também os recalls sucessivos, de modo que logo que um problema era resolvido, já aparecia outro para resolver. Por isso é preciso ficar atento ao comprar um Voyage 1.0 usado, já que o dono anterior pode ter ficado de saco cheio e não ter comparecido para a realização dos reparos, repassando a bomba pra outro trouxa.

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WELCOME TO B R A S I L!

Em 2012, o Voyage ganhou algumas modificações para alinhá-lo à tediosa identidade visual global da VW, o que lhe rendeu o apelido G6, embora esteja longe de ser uma nova geração. Os designers da Volkswagen juraram que se inspiraram do Jetta, mas lanternas e posição de logotipos e placa traseira fizeram ficar mais parecido com o rival Fiat Grand Siena... Agora com garantia de três anos e acabamento um pouco melhorado, o Voyage está mais decente, embora com custo-benefício ainda aquém dos rivais, especialmente com todos os itens disponíveis.

O Voyas pulou de ano e está em 2015. Veja algumas novidades do sedan criado para ser líder do segmento (mas freguês do Siena e, agora, até do Prisma) no fim da seção abaixo…

Versões
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S: Super simplória, simplesmente. Era a versão pé-dura, dos primórdios. Vinha com o que lhe era necessário para andar, como pneus (redondos), faróis (dois, um de cada lado), vidro (temperado até na frente)… A propósito, esse da foto tem espelho do lado direito, que não vinha de série.

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LS: Versão com mais itens naquele início da década de 1980, trazia saídas de ventilação mesmo nas versões sem ar-condicionado (o que ja era destaque na época), painel com conta-giros, relógio e vacuômetro, o “80” do velocímetro em vermelho (velocidade máxima nas estradas para economizar combustível, ainda fantasma da crise do petróleo) e, como opcionais, ignição eletrônica e cintos de três pontos retráteis.

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CL: Versão porcamente básica introduzida em 1987 (assim como as versões GL e GLS) que chegava com o retrovisor direito faltando, estepe sem forração, volante feito com farofa de plástico e motor AE (1800 AP opcional). Raro é ver um desses original, já que ninguém suportava andar num carro tão pobre.

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GL: Junto com o Special, resistiu até o fim da primeira geração, em 1995. Seu grande destaque era o mero ar quente, que por sinal tinha botão que se soltava e, mesmo com os difusores de ar fechados, ainda expelia ar aquecido. O painel tinha grandes luzes-espia e marcadores analógicos quadrados, mas trazia relógio ao invés do conta-giros.

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GLS: Adotava rodas raiadas, faróis de neblina integrados, piscas brancos (combinando com a foto acima, em preto-e-branco…), faixa lateral de borracha, para-brisa laminado (seria obrigatório apenas em 1991), bancos Recaro, volante quatro bolas (combinando com o nome da versão) e o acabamento interno da versão Super, que se despedia na linha 1987. Entretanto, o quadro de instrumentos tinha leitura ruim, o afogador (sim, ainda tinha um) era mal-posicionado e não havia vidros elétricos nem como opcional.






















Plus: A primeira edição, lançada em 1984, trazia itens que hoje são feijão com ovo, mas que davam certo statis a ele: para-choques na cor do carro, faróis de neblina e calotas exclusivas. A segunda edição veio com motor 1.8 AP de 95 cv, painel da versão GLS e volante do Santana, para (tentar) melhorar sua imagem após ser equipado com o AE 1600.

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Nem a originalidade desta rara série foi preservada…

Los Angeles: Série especial de 1984 com rodas de liga leve, faróis de neblina, pequeno aerofólio traseiro, volante do Passat TS (tão popular na época quanto o volante de Parati Surf/Gol Rallye), rodas aro 13, faixas laterais pretas e a cor Azul Enseada, rejeitada por ser muito chamativa (ironia, se tratando do Brasil dos anos 1980) e com tom difícil de ser acertado em uma repintura, resultando em apenas 300 unidades fabricadas, de 3000 previstas.




















GLS Super: super gay/lésbico/simpatizante Este modelo chegou em 1986 já com o fuderoso AP 1800 e os bancos Recaro, além dos faróis de milha e de frisos pretos.

Sport

Sport: Lançado em 1993 para substituir o Super. Vinha com brake-light (ainda raro nos nacionais da época), bancos Recaro, aquecimento interno, chave de ignição iluminada (!) e o volante revestido em couro das quatro bolas, que os donos adoravam pegar. Ar-condicionado e rádio/toca-fitas “Volksline” eram opcionais. Havia apoios de cabeça vazados na frente, porém nenhum na traseira. Durou apenas até 1994.

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Special: Na época desta versão, o Voyage era um tricuerpo (três-volumes) quatro-portas produzido na Argentina, pois a fabricação nacional foi interrompida após a baixa nas vendas. O rival Premio, igualmente mal das pernas, foi fabricado como Duna e exportado para cá com este nome mesmo.

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(sem nome): A versão básica dos G5, que abandona até a nomenclatura. Pode ser equipada com motor 1.0 ou 1.6, trazendo uma magra lista de itens de série. Quando foi lançado, em 2008, trazia itens impressionantes, como supercalotas, vidros verdes e chave com imobilizador, lista digna de Mille.

Trend: Passa fácil como o Voyage básico, mas traz alças de segurança no teto, antena, retrovisores e maçanetas na cor do carro, chave-canivete sem controle remoto, faróis de dupla parábola, preparação para som, frisos laterais, lanternas com lentes escurecidas (no Voyage atual), e revestimentos dos bancos em tecido (achou que fossem de couro, hein…).

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Só tem uma coisa mais bizarra que um Voyage novo amarelo na fixa…

Comfortline: Modelo completo até a linha 2013, quando chegou o Highline, e que voltou na linha 2015, substituindo o Trend. Vem com faróis de dupla parábola (até isso é opcional), grade dianteira pintada em preto ninja (apelido colegial do CirÍtalo), iluminação do porta-malas, limpador dianteiro com temporizador, logo da versão, repetidores de seta nos retrovisores, I-System, para-sóis com espelho e iluminação nos dois lados, porta-revistas nos encostos dianteiros e sistema de som com CD Player, Bluetooth, entrada auxiliar e USB. Ar-condicionado?? Só como opcional, num país que faz calor pra caralho e que carro usado sem A/C vira mico.

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…um Voyage novo na fixa com envelopamento líquido na cor violeta cintilante

Highline: Versão topo-de-linha que na verdade contava com itens opcionais no Comfortline, como ar-condicionado, alarme keyless, chave canivete, vidros elétricos, retrovisor direito com função tilt-down e sensor de estacionamento traseiro. Ainda assim, precisa de vários itens para ficar realmente completo, como sistema de som, rodas aro 16", função Coming/Leaving Home dos faróis, elevação do assoalho do porta-malas…

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Safe and Sound Urban & Sound: Pacote de equipamentos atraente disponibilizado a partir de meados de 2013. Traz os equipamentos essenciais e até alguns mimos (I-System, volante multifuncional, sensor de estacionamento, CD Player MP3 com entradas USB, Bluetooth e interface para iPod, faróis de dupla parábola com máscara negra, 4 alto-falantes e 2 tweeters, faróis de neblina, retrovisores e maçanetas na cor do veículo e rodas de liga leve) à versão básica, sem estourar o orçamento. Pode-se optar apenas pelo pacote Urban, sem o sistema de som. Não esqueça de incluir o ar-condicionado, um opcional vendido separadamente.

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Seleção: HUEHUEHUE BR BR! Este é o Voyage escalado para a Copa do Mundo Bananal 2014, bem ao gosto dos brasilinos: motor 1.0 ou 1.6, sem ar-condicionado. Mas estão lá os faróis de neblina, rodas de liga leve (com design inspirado nos gomos de uma bola de futebol) e adesivos, do jeitinho que os BRs gostam. O modelo ainda vem com logo da CBF nas laterais e no cinzeiro e bancos com padronagem também imitando gomos de bola. Só faltou ter pintura amarela, como no Gol. O logotipo ideal para a versão seria o Neymar, de sorriso amarelo, com uma banana na mão.

Trendline: Versão apresentada na linha 2015, que na prática é a básica com nome. Possui três encostos de cabeça no banco traseiro, chave canivete (sem controle remoto) e conta-giros de série, mas não traz vidros elétricos e muito menos ar-condicionado, que pelo visto ainda é considerado item de luxo pela VW.

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Fun: Lembra do Gol 2001 que tinha faróis coloridos? A ideia desta versão (linha 2015) é mais ou menos a mesma de 13 anos atrás, porém sem a baitolagem do farol na cor da carroceria, embora, em tempos de up! com a propaganda “Girls just wanna have fun”, o nome não seja lá muito másculo. Traz os mesmos itens do Comfortline, além de tecido exclusivo dos bancos (com logotipo “Fun” nos assentos dianteiros), pedaleiras esportivas, adesivo na coluna traseira e volante revestido de couro.

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“Tem as rodas e a altura de jeep do Gol Rallye?” (Pedro Corta-Mola)

Evidence: Foi lançada no fechamento deste Verdades e resgata do fundo do baú (atchim!) o nome de uma versão do Santana. Por sinal, manteve o antigo 1.6 8v – Gol Rallye e Saveiro Cross já receberam o novo 1.6 de 110 cv com gasolina e 120 com etanol (mesma potência do AP 2000 Mi 2.0 8v do Santana Jetta). Ele traz as rodas do Gol Rallye (que, apesar de serem 16", destoam bastante da proposta de "versão de luxo" deste Voyage) e o nome da versão gravado nos bancos dianteiros, que são revestido de, pasmem, couro Alcantara! Achou bonitinho? Saiba que é quase certeza que custará mais de R$ 50 mil. E não traz controle eletrônico de estabilidade, freios a disco nas quatro rodas, sistema de assistência de frenagem, controle de tração nem assistente para partida em subida, já presentes na Saveiro Cross 1.6 16v.

Depois do Voyage Evidence, seria justo a VW lançar o Jetta Exclusiv, para marcar as últimas unidades com motor EA 113 2.0 8v, vulgo AP 2000 Mi, quando esse velho motor herdado do Santana for substituído pelo 1.4 TSI. O novo motor deverá vir acompanhado de novidades estéticas. Mas voltando ao Voyage...

Motores
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1500: Tinha uma versão a gasolina e outra a álcool, refrigerado a água, melhor apenas que o motor a ar ainda utilizado pelo Gol BiXeira 1300. Rendia 78 cavalos, o que um 1.0 consegue tranquilamente hoje, e ainda vinha com câmbio manual de 4 marchas. Herdava a nomenclatura pela cilindrada dos tempos do Fusca, ainda não pela “abreviatura” iniciada com o Corcel II, em 1978.

motor

1.6 MD270: O “bielinha”, nitidamente mais áspero (porém com mais torque) que o 1.6 AP durou pouco, já que a família AP foi introduzida na família Gol, inicialmente na versão GT. A propósito, é tão fácil trocar o MD por um AP 2000 que o processo pode ser feito na garagem de casa.

1.6 AP: Motor de entrada para ser mexido, já aguentando treiquilimei de pressão. Tinha originalmente 90 cavalos na versão a álcool, com carburador Weber 450, de corpo duplo e fluxo descendente. Andava nitidamente mais que o Escort 1.6, mas também bebia mais.

1.6 AE: O 1.6 mais lixoso adotado pelo Voyage, que nada mais era que o motor CHT do Escort, uma adaptação do motor do Corcel II, que por sua vez teve a cilindrada aumentada em relação ao Corcel I. Andava mal e bebia muito.

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1.8 AP: Alegria dos APzeiros preparadores, que afirmam extrair mais 50 cavalos por cada Orbital, sem contar turbo, filtro de ar “esportivo”, conversão para metanol... Para pagar menos impostos, a potência declarada era de 95 cavalos (mais de 100 cv o enquadraria em uma categoria superior). Este AP também serve, com poucos ajustes, para máquinas de garapa de cana.

1.0

1.0 VHTreta: Só no Brasil um sedan que se dispõe a levar cinco pessoas e bagagem recebe um motorzinho desses, às vezes com a péssima companhia do GNV. Em lerdeza, perde apenas para o Fiesta Sedan 1.0, este sim um verdadeiro martírio. Em 2012, passou a ser batizado de TEC TEC TEC, contando também com o pacote Bluemotion Tecnology, para conter o consumo. Algumas dicas de consumo aparecem na tela do computador de bordo (se tiver).

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1.6 VHT: Mais digno, teoricamente tem números de potência longe de fazer páreo aos motores de mesma cilindrada da concorrência (apenas 104 cv com etanóis), mas na prática anda bem, mérito tanto do bom acerto do motor quanto do baixo peso do Voyage (pouco mais de 1.000 kg). Lançado em 2008, ganhou apenas um potro e uns gramas de torque em relação ao EA111 original. A VW já apresentou um novo 1.6 mais leve e moderno, da família do aclamado 1.0 do up!, que por enquanto está disponível apenas para os beta-testers que se dispuserem a comprar as caríssimas versões "aventureiras" de Gol e Saveiro.

Donos

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NÃO PODE C

É 2014, mas ainda há muito dono de Voyage descendo na banguela para economizar o máximo de combustível (quando na verdade desabilita o freio-motor), deixando a mão em cima do câmbio, segurando o volante na parte de baixo e com o braço esquerdo para fora da janela, e acreditando cegamente que o Voyas original chega a 240 km/h, como indicado no velocímetro.


Ser sedan não serve de pretexto para o Voyage ficar intocado: recebe as mesmas xulhambrecações da família Gol. Como todo VW brasileiro, possui mecânica simples e peças disponíveis até em mercadinhos, além de ser facilmente reparado por observadores de candidatos a aprendizes de auxiliar de mecânico. Abaixo, como donos de Voyage novos consideram seus respectivos carros e, mais abaixo, como realmente são.

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BMVW Série um e meio

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Orbital strikes again

949% dos Voyage G5 estão com os para-choques da frente tortos
782% dos Voyage antigos andam sem para-choques
519% dos proprietários de Voyage quadrado AP 1.8 fuçaram o motor e brincam de dar pau em carros mais caros pelas ruas
337% são taxistas apoiados na “tradição” (“é um Vouquisvaiquen, aguenta o tranpo”)
298% vão abrir os porta-malas de seus Voyages G5 agora e perceber que o estepe fica beeeeeem distante da abertura
204% aproveitaram o porta-malas maior para entupir de caixas de som e cornetas
177% escreveram carta para o Lata Velha (#AjudaLuciano)
138% andam na fíquissa, degolando as caixas de roda (#FodasseOPróssimoDonu)
109% parcelaram em tantas vezes que daqui a duas novas gerações do Voyage ainda estarão devendo ao banco
99% desfilam de Orbitais sem calotinha
97% são tricolores (leia-se: tonalidades de cor na carroceria, após várias repinturas mal-feitas)
81% são pedreiros, com a devida escada no teto
75% inseriram maçanetas e frisos cromados ou apelaram para envelopamento barato
68% dos donos de Voyage novos colocaram olho-de-gato nas portas, rodas antigas, calhas de chuva e frisos pretos (faltou só a capa de bolinhas de madeira dos taquissistas)
50% meteram motor AP 2000 do Santana
47% instalaram roda cromada aro 20", aerofólio, DVD retrátil e som de 5000 W num Voyage 1.0 de farol monoparábola
28% fizeram questão de comprar Voyage com setas dos retrovisores (mas não usam a seta)
12% levaram com airbags e freios ABS (passou a ser obrigatório)
5% compraram retrovisor direito com tilt-down (mas quebrou)
1% dos que compraram Voyage Super GLS é heterossexual

Verdades
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Apesar do atual slogan do Voiagem ser "O sedã com algo mais", praticamente tudo nele é opcional, incluindo ar quente, preparação para som, faróis com dupla parábola, ar-condicionado, faróis e lanterna (sim, só uma) de neblina, acesso completo para as quatro portas (!), antena e elevação no assoalho do porta-malas. Pior é que, equipado, ele chega a custar absurdos R$ 58.221, preço de sedan médio.

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A futura Saveiro também ficaria muito diferente da do quadro ao fundo. Já o SUV ao lado tem jeito de Taigun

Originalmente, o Voyage seria um dos carros mais bonitos do Brasil. As suaves linhas do sedan vieram a público em 2007, quando foi publicada uma foto dele camuflado, em testes na Europa. No ano seguinte, circulou pelas interwebs (após publicação do Best Cars) a imagem do protótipo em escala 1:1, mas infelizmente o projeto foi vetado pela tesoura de custos da VW, deixando a traseira definitiva tão moderna e entusiasmante quanto a abertura do Telecurso 2000.

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Vileiro says: “tá alto ainda!!!1”

A nova plataforma do Voyage entristeceu os manos, que já não podiam enjambrar o motor AP longidutinal na carroceria nova. Seria preciso fazer um corte interno ou um calombo no capô para caber direito. Já para alegria dos pagodeiros, a cor vermelha sólida segue firme no mercado.

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Toda a sofisticação de um conversível contrastando com a falta do retrovisor do lado direito

No exterior, o Voyage foi exportado sob os esquisitos nomes Gacel (referência à gazela), Amazon e Senda (Argentina, com motor 1.9 Diesel) e mesmo Gol Sedan (América Central e México, na atual geração), com seu motor AP sendo anunciado como VW Audi 827. Nos Estados Unidos (onde surpreendentemente conseguiu ser comercializado e, mais que isso, atraiu a atenção da imprensa especializada), virou Fox, com direito à versão Wagon (nossa Parati). Foi exportado entre 1987 e 1993, ano em que airbags e freios ABS eram propagados inclusive entre os “supermini” norte-americanos (no Brasil, o Gol só contou com bolsa-inflável opcional para motorista em 1998).

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Com a grana para comerciais torrada no novo Gol, o Voyage recebeu uma propaganda bem mais modesta, mas que ainda assim deu o que falar: a banda Sepultura tocando Bossa Nova… Outra propaganda com um toque nostálgico foi "A melhor fase da sua vida é agora" (nas entrelinhas ficou a mensagem de que o Voyage antigo era muito ruim), com a música Pump Up The Jam em um trecho.

Falando em propaganda, certamente boa parte dos “politicamente-corretos” fariam um mimimi danado com os comerciais antigos do Voyage contracenando com a linha VW, nos anos 1980 e início dos 1990. Era cavalo-de-pau, voos, mulheres de biquíni, pequenos acidentes (com efeitos sonoplásticos digno de Videocassetada)… tudo ao melhor jeitinho brasileiro. Não impressionaria um ladrão roubando um Voyage em alguma cena.

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“Muito bonito esse Voyage!” (ninguém)

Em caso de problemas mecânicos num Voyage, nada que um pedaço de arame, um elástico, uma martelada e um desentupidor de pia não resolvam.

O Celso Russomano (nos tempos do Aqui Agora, em 1993) acompanhou o caso de um Voyage usado tão lixo que tinham usado fibra de jornal para fazer os enchimentos do teto e da tampa do porta-malas. Já o assoalho tinha ficado igual ao do carro do Fred Flinstone. O dono da loja alegou que o dono tinha cometido a proeza de dar na troca um carro ainda mais podre, mas o reembolsou.

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No início dos anos 1990, o Voyage participava de algumas corridas pelo Brasil. O despreparo era tanto que poças de combustível se formavam nos boxes, e houve até morte de mecânico atingido pelo fogo.

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Se está de noite, saiba que, enquanto você lia a matéria, 1426 Voyages preparados estão tirando racha pelo Brasil, 218 se envolveram em acidentes, 495 tomaram pau de Chevette e 1090 foram apreendidos.

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No Beto Carrero World, existe uma apresentação que utiliza Voyages verdes xuningalados preparados para realizarem loopings, saltos e equilíbrio em duas rodas. Claro, os motores originais não dariam conta das manobras, exigindo o 2.0 AP turbinado, montado em posição longitudinal (gerando potência entre 250 e 400 cv) e tração nas rodas traseiras, além das providenciais gaiolas de proteção. O trabalho da Personal Parts ficou digno de Lata Velha.

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Em 1983, um grupo de marceneiros da Volkswagen tentou criar um Voyage 10 anos à frente do seu tempo, batizado de Tecnobrega. Algumas das "inovações" (pra época), como motor com injeção eletrônica e câmbio de 5 marchas até foram introduzidos no Gol GTi antes de 1993, além do ABS, que foi incorporado ao Santana também nesse meio tempo. Já quadro de instrumentos digital (bem parecido com o do Kadett GSi, que só chegaria em 1989), bancos de regulagem elétrica com memória, lanternas traseiras com luz negra e piloto automático, até o Voyage 2015 fica devendo.

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Voyajão preparado, alinhando no autódromo do ECPA com Dodge Challenger, Chevrolet Camaro e Ford Mustang, todos V8!

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O mesmo Voyage, após a primeira curva

A Volkswagen realizou um concurso em 1989 que premiava o autor da melhor foto (com o inconveniente de ter que aparecer um Voyage no meio). O prêmio era… outro Voyage. Se o Tonin tivesse nascido 15 anos antes, teria levado o prêmio.

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Exclusivo: Novo Voyage Special circula pelas ruas da Bahia (Cirirítalo Borges)

Em abril do ano passado, chegou a ser aprovada pela Câmara dos Deputados uma lei que obrigava os parlamentares a não comprarem modelos importados, utilizando unicamente Voyage. A medida foi considerada uma ofensa grave aos deputados e não seguiu adiante.

A cada um minuto, quatro Voyages velhos apresentam rachaduras na parede corta-fogo…

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Este Sport é miniatura, em escala 1/18. E custa R$ 470, mais que suficientes para comprar um Voyage velho de verdade

No ano de 1984, o limite de prestações para adquirir um Voyage naqueles tempos difíceis era de nove vezes. Trinta anos depois, você pode fazer um financiamento de 60 vezes sem juros* sem aprovação de crédito e começar a pagar só depois da Copa.
* taxa de 6,48% ao mês a partir do segundo mês, com 80% de entrada.

A carroceria aprovada pelos estúdios de estilo da VW foi esculpida com caixotes de feira.

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Um Voyage Rallye certamente faria sucesso na Terra das Bananas. Se até Etios Cross vende…

O Voyage só apareceu em um filme, Batman Returns (1992). Com o orçamento comprometido e necessitando de um carro que retratasse a decadência da cidade, o Fox norte-americano foi escalado.

Para quem não se importa muito com micos na garagem, pelo preço de um Voyage básico é possível encontrar unidades do Bora automático, já com a reestilização chinesa que destruiu sua beleza em 2007.

Voyage1997
Aqui, vemos um raro exemplar de um Voylogus bolinha

Agora, um Teste de Macho do Voyage:

A) Voyage 1982 enferrujado, vidros rachados, pneus carecas: FUGIU DA BLITZ CUSPINDO BIELA E TROCANDO TIROS COM A POLÍCIA
B) Voyage 1985 restaurado, aguardando placa preta: RESPEITADO CABRA-HÔMI DO AGRESTE
C) Voyage 1.0 básico: BATALHOU E CONTINUA BATALHANDO POR UM CARRO MELHOR
D) Voyage 2010 com sensor de estacionamento e Britney Spears no rádio: CURTE MANDAR UM BEIJINHO NO OMBRO PRAS INIMIGAS
E) Voyage Comfortline 2014/2014 com cristalização de pintura e revestimento Native: SILVÉRIO TEM UMA PERGUNTA URGENTE A LHE FAZER.
F) Voyage socado, rodas aro 21", painéis de porta lotados de som, mandou foto para o MyRide: OLÁ NEGÕES


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15 comentários:

  1. um bróder meu tem um voyage, parou na frente de casa e uma senhora foi perguntar pra ele " quanto custava o queijo caseiro " uhsaushushhuahuhuash

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  2. O Uósteles anda num 83 a álcool pintado de bege "carcinha", só q o dele a frase seria: vovoyage, ou vc anda dentro dele ou anda atrás dele (empurrando) huahuahuahua

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  3. Um dos post mais esperados por mim kkk valeu Julio, apesar de eu ser dono de um Voyage algumas coisas foram verdade, sendo um Apzeiro fanático esse ano consegui comprar um 1995 Azul 4 portas modelo argentino completo, aos poucos to deixando ele do meu jeito de todos integrantes da Geração quadrada o Voyage é o que mais curto sempre tive vontade de ter um e graças a Deus agora tenho, o curioso é que o Voyage foi o unico da família Gol que não acompanhou as seguintes gerações dele.

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  4. os voyages argentinos a diesel nem usavam o 1.9, só o 1.6 de injeção indireta mesmo... já vi alguns com junta de cabeçote queimada quando eu morei em florianópolis...

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  5. "Voyage GLS: Adotava (...) volante quatro bolas (para combinar com o nome da versão)"
    Essa eu ri..., mas uma coisa desse post é verdade, se hoje as pessoas reclamam do nível de acabamento dos "nossos 1.0", saibam que esses perto dos carros que tinham até o início da década de 90 são puro luxo, pois nesses até retrovisor do lado direito e câmbio de 5 marchas era opcional, aliás, os primeiros Uno Mille eram assim, nem encosto de cabeça, nem retrovisor do lado direito e nem câmbio de cinco marchas eram de série, falo isso pois aqui em casa já tivemos um Mille desse naipe e só "Titio Pardo" sabe que dureza era isso e o pior é que esse foi o carro que eu aprendi a dirigir com 15 anos.

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    1. câmbio de 4 marchas decentemente escalonado e com um motor adequado ao peso do carro seria o menor dos problemas, e a presença dum retrovisor direito não encarece tanto a fabricação a ponto de justificar que os acabamentos sejam cada vez mais vagabundos

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    2. Pois é Kamikase, mas câmbio de quatro marchas no antigo Mille carburado era horrível, pois a 100 Km/h o motor gritava implorando uma quinta e não tinha quinta pra por. :P :P :P :P

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    3. aí é questão de acerto de relação de diferencial, e fica ainda mais foda num carro 1.0 fazer isso de um jeito que não comprometa demais em algum cenário operacional específico, como no caso o uso rodoviário... isso que a 4a marcha do mille já era overdrive...

      mas num voyage 1.6 ou 1.8 ainda se podia obter um bom resultado...
      http://cripplerooster.blogspot.com/2014/04/cambio-manual-de-4-marchas-sera-mesmo.html

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  6. estava com saudade da série verdades, e esse post foi com certeza um dos mais engraçados, acho q um post verdades sobre a honda biz ou sobre a honda pop100 ficaria muito engraçado, já que assunto pra zoar ambas as motos não falta né. kkkkk parabéns pelo blog

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  7. Outra curiosidade que fiquei sabendo, é que os Voyage de 1988 a 1989 foram fabricados na época na fábrica da VW de Taubaté/SP onde atualmente é produzido o Voyage G6.

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  8. Mais vale um Voyage que se encontra peças de boa qualidade e mão de obra em qualquer lugar , do que um OK que necessita mão de obra especializada e peças absurdamente caras , isso sem contar que depois que saem de linha valem menos que um Voyage.

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  9. Só um comentário em relação às motorizações: quando o autor se refere ao motor MD 270 (“Mitteldruckmotor” (motor de taxa de compressão intermediária entre o ciclo Otto e o ciclo Diesel)), esté é um 1.5L e não 1.6L conforme fora descrito. Muito legal o post, parabéns.

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  10. Um carrinho muito legal, o antigo. O novo, razoável.
    Dirigi um 1.6 2013 por 1 mês, e tive uma boa impressão
    Apesar de ser um carro bem satisfatório, me impressiona a falta de personalidade dos carros de hoje. São todos meio que iguais e insossos.
    abraços a todos. PAZ

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  11. Ótimo post! Já tive um Voyage LS 85, motor AP, mas estava no bico do corvo. Apesar disso, era um bom carro. Gosto de Voyage (e carros VW da geração quadrada) e se pudesse, teria arrumado o meu. Mas enfim, já passei pra frente.

    Eu já andei com o Voyage 2013 1.6. Carro espaçoso, excelente e ágil, já dei mais de 160km/h nele. Quase convenci o meu pai a comprar um desse.

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